O campeonato mundial de tiro ao voo, também conhecido por tiro aos pombos, que decorre a partir de hoje até domingo em Guimarães, deverá matar cerca de 20 mil pássaros, alertou hoje a associação Animal. A associação de defesa dos animais criticou a realização da 75.ª edição do mundial no Clube Industrial de Pevidém, uma iniciativa que, no seu entender, promove a "matança por desporto".
Em comunicado, a associação refere que esta é uma modalidade "supostamente 'desportiva'", mas com alvos vivos -- os pombos. "Pode parecer incrível, mas o tiro aos pombos - actividade proibida em toda a União Europeia (excepto em Espanha, Andorra) - é, em Portugal, uma modalidade de tiro reconhecida", notou a associação. A modalidade é "regulada e promovida pela Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça, que gere também outras modalidades de tiro ao alvo, algumas até olímpicas, e que promove várias provas de tiro aos pombos por todo o país".
A presidente da Animal, Rita Silva, acrescentou, à agência Lusa, que a espécie usada é o pombo zurita, por ser mais pequeno do que aves comuns e que "constitui um especial desafio à habilidade dos atiradores". A associação acrescentou que durante a deslocação e no campo de tiro, os pombos "não são alimentados nem abeberados" até serem utilizados nas provas.
Antes de se tornarem "alvos" são "arrancadas as penas da cauda - as guias, que usam para orientar o seu voo -, o que, cumulativamente com o stress e o cansaço, lhes provoca sofrimento físico", indicou ainda a Animal. O objectivo dessa prática, lê-se no comunicado, é tornar irregular o voo das aves para dificultar os tiros.
"Uma grande parte dos pombos é abatida, embora seja comum não morrerem imediatamente, caindo feridos no campo de tiro e ficando a agonizar durante horas, até ao momento em que assistentes do campo os vêm apanhar e lhes quebram o pescoço", descreveu a Animal.
Segundo Rita Silva, é possível usar "hélices mecânicas concebidas especificamente para terem um peso igualmente leve e um voo irregular e imprevisível, como o dos pombos". "A verdade é que, em Portugal, um grupo de cerca de cem atiradores com alto poder económico e com predilecção por desportos cruéis tem-se empenhado em manter esta prática hedionda que firmemente voltamos a combater", concluiu. JN
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