A vontade de ter
animais de estimação não se fica pelos cães, gatos ou tartarugas e
alguns portugueses optam por leões, tigres, ursos ou crocodilos, apesar
de a posse ser proibida.
foto PHIL NOBLE/Reuters |
Há um conjunto alargado de espécies, como os felinos ou primatas, cuja detenção é proibida desde 1992 pela sua perigosidade, "o que não implica que não se possa encontrar alguns em casa de particulares", ou em circos, disse à agência Lusa o chefe da unidade de Aplicação das Convenções Internacionais do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).
Apesar de nos últimos anos as situações terem diminuído, João Loureiro avança que, "em média, há no mínimo dois a quatro grandes felinos apreendidos por ano, entre leões e tigres".
Nos circos, em muitos casos, os animais não estão em situação ilegal, mas muitas organizações "deixam de ter hipótese de os alimentar" e acabam por entregá-los ao ICNB ou por ser apreendidos por falta de condições adequadas.
"De vez em quando aparecem ursos, embora não com tanta frequência (...), assim como crocodilos", referiu o responsável.
Entre os primatas, são apreendidos "seis a 10, em média, por ano, entre macacos e chimpanzés", disse o responsável, lembrando que também estes números têm diminuído.
"Os últimos de grande porte já foram [apreendidos] há dois anos, foram chimpanzés", especificou João Loureiro.
"Não haverá, esperamos, muito mais chimpanzés em casa das pessoas, mas temos informação de que poderá haver ainda um ou dois, [possibilidade] que estamos a averiguar ", acrescentou.
O responsável do ICBN fala sempre em números médios de apreensões nos últimos anos e esclarece: "Antigamente as pessoas não tinham a noção de que era proibido ter esses animais e por isso eram apreendidos mais".
"Se podemos dizer que tendencialmente nos parece que está a diminuir esta situação, também é verdade que há dois anos apanhámos nove chimpanzés, que é um número muito grande", salientou.
Quanto aos crocodilos, embora não seja permitido em Portugal, excepto em parques zoológicos e num ou noutro circo autorizado, "é muito fácil" comprá-los em Espanha.
"Mais grave que isso, e temos muita dificuldade em controlar, [é possível comprar crocodilos] pela Internet e o animal vem via correio. Muitas vezes os próprios correios não sabem o que trazem", avançou João Loureiro.
"Muitas vezes são jovens adolescentes que querem mostrar um animal exótico e acabam por comprar um crocodilo, que tem 20 centímetros, mas depois cresce", acrescentou.
E se com 20 centímetros a mordedela não é perigosa, com 40 ou 50 centímetros já causa danos e as pessoas, "infelizmente, em vez de entregar [os animais] às autoridades, libertam-nos na natureza, porque sabem que [a sua posse] é ilegal", explicou.
Os dados do ICNB disponíveis revelam que em 2006 o total de apreensões por comércio ilícito atingiu os 66 animais, número que subiu para 182 em 2009. Em relação ao ano passado os dados indicam apenas as apreensões de mamíferos, que foram 20.
Fonte:JN
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