sexta-feira, 6 de abril de 2012

Pesticidas implicados no Síndrome do Colapso das Colmeias

Estudos da «Science» dão mais um passo para resolver o mistério da morte das abelhas


Espécie estudada foi a 'Bombus terrestris' (foto: Alves Gaspar)
Espécie estudada foi a 'Bombus terrestris' (foto: Alves Gaspar)
Os cientistas continuam na demanda da causa do progressivo desaparecimento das abelhas. O chamado Síndrome do Colapso das Colmeias (colony colapse disorder - CCD), problema que já deu azo a muitas investigações, algumas referidas no «Ciência Hoje» (aqui, aqui e aqui), tem agora novos estudos.

Dois estudos, um britânico e outro francês, publicadas na «Science», apontam responsabilidades a uma classe de pesticidas amplamente utilizados: os neonicotinoides. Segundo os investigadores, estes desorientam os insectos ao ponto de ficarem incapazes de regressar à colmeia, reduz assim o tamanho das colónias e faz desaparecer as rainhas. A suspeita de que os insecticidas neonicotinoides estivessem implicados no CCD remonta a 2004.

Algumas espécies de abelhas diminuíram drasticamente nos últimos anos. Na América do Norte, várias espécies comuns foram desaparecendo. No Reino Unido, três acabaram mesmo por se extinguir, explica Dave Goulson, da Universidade de Stirling, Escócia.

A espécie investigada foi a Bombus terrestris. A equipa de cientistas de Stirling expôs, em laboratório, colmeias desta espécie a níveis baixos do insecticida neonicotinoide imidaclopride, introduzido na produção agrícola durante os anos 90 e, actualmente, um dos mais utilizados.
A dose aplicada foi a mesma que as abelhas recebem na natureza. Depois, os investigadores colocaram as colmeias num lugar fechado mas com acesso livre a comida. Compararam depois estas às colmeias do controlo do estudo, onde não foi aplicado nenhum insecticida.

As colmeias tratadas ganharam menos peso, o que quer dizer que lá entrou menos comida. Estas, ficaram entre 8 e 12 por cento mais leves do que as outras. A percentagem de produção de rainhas reduziu-se em 85 por cento. Esta última descoberta é particularmente importante porque significa que haverá menos ninhos no ano seguinte.

O segundo estudo, do Instituto Nacional Francês para a Investigação Agrícola (INRA), revelou que a exposição a um outro pesticida neonicotinoide afecta a capacidade de orientação das abelhas, provocando a morte de muitas.

Os cientistas puseram no tórax das abelhas um microchip que permitiu seguir os seus movimentos. Deram a algumas abelhas uma dose de pesticida tiametoxam.

Comparadas com as que não foram expostas, as abelhas que receberam tratamento tinham entre duas e três vezes mais probabilidades de morrer fora da colmeia. Provavelmente, dizem os investigadores, estas mortes aconteceram porque o pesticida interferiu com o seu sistema.

Fonte:CH

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