quarta-feira, 15 de junho de 2011

13% das aves do mundo estão em perigo de extinção

De acordo com a Lista Vermelha de 2011, da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), divulgada na semana passad, encontra-se em perigo de extinção o maior número de espécies de aves de sempre. Este ano, o número subiu para 1253, representando 13% do total das espécies de todo o mundo. Mas nem tudo são más notícias, adianta a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA): entre as espécies que viram o seu estatuto melhorado consta o Pombo-trocaz da ilha da Madeira.
A Abetarda-da-índia (Ardeotis nigriceps) subiu na lista para “Criticamente em Perigo”, o maior nível de ameaça. A caça, a perturbação perda de habitat e a sua fragmentação, contribuíram para reduzir a população desta magnífica espécie para cerca de 250 indivíduos. Com um metro de altura, pesando quase 15 kg, esta ave já teve uma larga dispersão, pelos campos da Índia e do Paquistão, mas agora está restrita a fragmentos pequenos e isolados do restante do habitat.

Este é um dos exemplos mais flagrantes de como um número cada vez maior de aves entra em risco de extinção. Stuart Butchart, coordenador Global de Pesquisa da BirdLife International, afirma que "as aves são uma espécie de janela para o resto da natureza. Elas são indicadores muito úteis da saúde do ecossistema: se elas estão mal, então o mesmo acontece à fauna em geral". Leon Bennun, director da Ciência e da Política da BirdLife International afirma que "num mundo cada vez mais lotado, as espécies que precisam de muito espaço, como a Abetarda-da-índia, estão a desaparecer. No entanto, o ser humano é o que sai mais a perder a longo prazo, com a perda dos serviços que a natureza lhe proporciona".

No caso de Portugal, no entanto, existem boas notícias para o Pombo-trocaz (Columba trocaz), que já não se encontra num nível de perigo tão elevado e foi promovido do estatuto de ‘Quase Ameaçado’ para a categoria de ‘Pouco Preocupante’, na sequência das medidas de conservação efectuadas na Madeira e da protecção que a espécie tem no Parque Natural da Madeira. Contudo, Luís Costa, director executivo da SPEA, salienta que “este resultado é um prémio para a continuação do trabalho de conservação, e não um sinal que o trabalho terminou. A floresta de laurissilva é um sistema frágil que deve ser valorizado e alvo de medidas de conservação da natureza para que possamos manter o objectivo da salvaguarda do nosso património e biodiversidade.”

Por outro lado, fora de território nacional, em São Tomé e Príncipe, algumas das aves que surgem na Lista Vermelha, apresentam, segundo alguns investigadores portugueses, um risco de extinção mais acentuado do que aquele que realmente aparece mencionado nesta publicação. O Pombo-de-são-tomé, por exemplo, aparece como uma espécie “Quase Ameaçado”, contudo segundo Mariana Carvalho, a realizar um estudo de doutoramento sobre a caça em São Tomé, este devia ser reclassificado como “Em perigo”, uma vez que há claros indícios do declínio da população. Esta situação é devida sobretudo à pressão da caça sobre esta espécie por parte dos habitantes locais.

A SPEA colabora anualmente com a BirdLife International e a União Internacional para a Conservação da Natureza para a actualização e avaliação das espécies em risco de extinção. Actualmente existem em Portugal 9 espécies em risco de extinção, com as categorias de “Vulnerável”, “Em Perigo” ou “Criticamente em Perigo”. Já na actualização do ano anterior uma espécie nacional foi retirada da lista de espécies Criticamente em Perigo: o Priolo. [JN]

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