Segundo um novo estudo, éguas gestantes são propensas a perderem seus potros se forem mantidas próximas a machos.
Criadores de cavalo frequentemente enviam éguas para estábulos para serem acasaladas com garanhões. A pesquisa revela que, quando retornam, as éguas grávidas se envolvem em “relações sexuais promíscuas” com os machos de seu próprio estábulo, em uma tentativa de disfarçar a paternidade do potro. Quando isso não é possível, as éguas podem abortar a gravidez.
Aborto natural provocado quimicamente é um fenômeno bem estudado na biologia, conhecido como o efeito de Bruce. Esse efeito tem sido observado principalmente em roedores, onde o cheiro de urina masculina faz com que uma fêmea grávida aborte.
As descobertas podem explicar o alto índice de interrupção de gravidez em animais domésticos.
Os especialistas acreditam que esse comportamento sexual estranho pode ter evoluído por causa do risco de infanticídio visto em muitas espécies que vivem em grupos sociais machistas, nos quais os machos matam filhotes de outros machos em uma luta pela supremacia.
O estudo se baseou em um questionário respondido por criadores de cavalos. As respostas mostraram que as éguas acasaladas com “garanhões estrangeiros” (de outros estábulos) abortaram em quase um terço dos casos. Por outro lado, nenhuma das éguas acasaladas no seu próprio estábulo abortaram.
Também, as éguas eram mais propensas a ter gestações interrompidas quando os parceiros de acasalamento de seu estábulo ficavam em compartimentos adjacentes. Éguas que foram separadas dos machos e, portanto, fisicamente incapazes de disfarçar a paternidade de seu potro tinham mais chances de abortar.
Segundo os pesquisadores, a atitude da égua “impede” um “desperdício de energia” em produzir prole que provavelmente ela vai perder para o infanticídio.
A ideia de que animais domésticos podem adotar essa estratégia veio a partir do estudo do infanticídio nos primos dos cavalos selvagens, as zebras.
Para evitar a endogamia nas zebras em cativeiro, jardins zoológicos ocasionalmente introduzem um novo macho no rebanho. Essa prática aumenta a probabilidade de potros serem perdidos durante a gravidez.
Segundo outros estudos com zebras, se um novo macho for trazido para o rebanho para acasalar logo após uma fêmea ficar grávida, a chance do potro sobreviver é inferior a 5%. A sobrevivência aumenta para mais de 60% após o potro ter pelo menos um mês de idade.
Os cientistas acreditam que as zebras e cavalos domésticos têm evoluído “estratégias de aborto” similares. Eles pensam ser possível que as éguas “tomem a decisão” de encerrar sua própria gravidez.
Embora o mecanismo por trás dessa alta taxa de abortos equinos ainda não seja conhecido, os pesquisadores afirmam que o estudo tem uma mensagem muito prática para os criadores de cavalos: o transporte de éguas para o acasalamento ou inseminação artificial exige cuidado. Trazê-la de volta a um ambiente com machos é obviamente prejudicial, sendo provavelmente uma das principais causas do alto percentual de interrupção de gravidez em animais domésticos. [BBC]
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